sexta-feira, 11 de dezembro de 2009

Sujeito EJA

Falar de Educação de Jovens e Adultos, é considerar acima de tudo a situação de “não crianças”, de excluídos da escola e de pertencentes a determinados grupos sociais. Se a escola considerar estes três aspectos, receberá esses alunos oferecendo um ensino condizente com a realidade dos mesmos e sobretudo de qualidade. Cabe ao professor oferecer aulas atraentes e principalmente diferentes daquelas dadas no ensino regular, visto que para um adolescente e principalmente para um adulto que trabalhou durante um dia inteiro, chegar à escola e ter que assistir uma aula onde a professora passa a música “O sapo não lava o pé”, é consideravelmente desmotivante. Claro, que se esta canção estivesse envolvida em um projeto sobre a infância, seria uma atividade atraente e motivadora, mas isso sem dúvida não ocorreu – encontrei essa situação durante a saída de campo. Além disso, os educadores de EJA precisam entender primeiro, que estes alunos que estão lá, foram excluídos do ensino regular seja por evasão; por inúmeras repetências; ou por iniciarem muito cedo a trabalhar; mas que essa situação é comum a todos, por isso é necessário que ele busque envolver este educando, valorizando toda e qualquer experiência que ele traga consigo, a fim de mantê-lo na escola. Bem como, perceber que por participar de determinados grupos sociais, esses adultos e adolescentes têm uma identidade sócio-cultural já definida e, portanto, precisa ser respeitado. Sem dúvida, ao realizar a saída de campo, confirmei tudo o que havia aprendido neste interdisciplina, pois encontrei na escola alunos oriundos de outras cidades, que migraram em busca de melhores oportunidades de emprego; filhos de pais na sua grande maioria analfabetos e pobres. Estão na escola hoje, por necessidade, de trabalho, para tirar a carteira de habilitação ou para aprender a ler e a escrever. Percebi que sentem vergonha dessa situação e que são movidos por motivações próprias, visto que a família acha bobagem voltar a estudar nesta idade. Por terem “maior capacidade de reflexão sobre o conhecimento e sobre seus próprios processos de aprendizagem” (OLIVEIRA, Marta Kohl), estão mais vulneráveis a se frustrarem diante das dificuldades, acabando por abandonar a escola. Muitos já iniciaram os estudos muitas vezes, mas acabam desistindo ao longo do ano. Outro fato que me chamou a atenção foi que todos conheciam os números e sua utilidade na vida diária; sabiam horas, fazer cálculos mentais, utilizar o sistema monetário, enfim aquilo que era útil e necessário para o seu cotidiano. Porém relataram que o conseguiam pegar um ônibus, pois não sabiam ler o que estava escrito. Finalizando, creio que a docência na EJA requer muito preparo por parte do professor e da escola como um todo, valorizando e respeitando esses alunos; numa constante troca entre os envolvidos no processo de ensino/aprendizagem.

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