segunda-feira, 26 de abril de 2010

Angústia

Dentro de uma sala de aula encontramos uma diversidade de alunos, cada qual com suas especificidades, tanto para o lado negativo quanto para o positivo. Desde o início do ano letivo tenho tido dificuldade com o comportamento de uma aluna, pois ela raramente consegue cumprir as combinações. Ela é sem dúvida uma menina especial, não por possuir alguma doença ou necessidade especial, mas por ter uma história de vida difícil. Ela é acompanhada por uma psicóloga, um psiquiatra e pela orientadora educacional. Já conversamos com a mãe e adotamos um caderno de recados, onde faço relatos diários de como foi a aula naquele dia. No início foi muito complicado, ela não parava dentro da sala de aula, jogava tudo no chão – inclusive as classes e cadeiras, gritava, respondia, rasgava seu material, subia nas classes, entre outros. Mas ao longo dos dias obteve muitos progressos, permanecendo na sala de aula a maior parte do tempo, fazendo alguma atividade, colaborando com os colegas, sendo educada. Mas venho observando e concluí juntamente com a orientadora, que sempre nas segundas-feiras ela apresenta um comportamento inconveniente no ambiente escolar, por isso resolvi solicitar um auxílio para a mãe, mas a mesma não respondeu o bilhete. Como forma de incentivá-la, a incluímos no projeto de dança que a escola tem, e pelo qual ela demonstrava muito interesse, mas depois que iniciou neste projeto, regrediu apresentando novamente um comportamento inadequado. Hoje, mais uma vez se descontrolou e jogou tudo no chão: classe, cadeira, materiais, entrou no armário, gritou, entre outros. Então, em conjunto com a diretora e com a turma, decidimos que ela ficará fora do projeto de dança por quatro ensaios, ou seja, um mês. Conversamos, eu e a orientadora e resolvemos marcar para quarta-feira uma conversa com a psicóloga da menina para trocarmos nossas vivências. Noto que a mãe (também psicóloga), fala muito a respeito da situação, mas age pouco. Nem sempre assina o caderno de bilhetes, bem como não olha o material dela, mesmo eu tendo solicitado várias vezes esse acompanhamento, principalmente por preocupar-me com sua aprendizagem, já que faz as atividades quando quer. Tenho que confessar que realmente não é fácil ter que atender mais quinze alunos, com suas individualidades e diferenças, e remediar toda essa situação. Por mim, já teria tomado outras atitudes, mas como encontro algumas resistências por parte da direção da escola, tenho que respeitar e ir com calma, principalmente porque sou nova neste ambiente escolar. Mas, pretendo conversar com a psicóloga e posteriormente solicitar que a mãe envie um relatório do psiquiatra para a escola, pois mesmo tendo tido este comportamento e toda essa dificuldade no ano anterior, não há nenhum registro na escola, o que também dificulta algumas ações que pretendia fazer. Também, estou aguardando algumas sugestões de bibliografia, indicada pelos especialistas da escola, para poder aprimorar meu trabalho com esta aluna. Neste período, essa é a minha maior angústia, pois necessito estar em constante “luta” com ela e ao mesmo tempo explicando aos demais que esse tipo de atitude não é adequada, procurando fazer com que reflitam a respeito e escolham fazer diferente.

segunda-feira, 19 de abril de 2010

REPENSANDO...



Me surpreendi ao fazer o relatório semanal da minha prática de estágio, pois foi uma forma de avaliar aquilo que deu certo e aquilo que ainda não funcionou como deveria. Não que isso não fosse feito anteriormente, mas não ocorria dessa forma. Repensei a semana que se passou, vislumbrando os objetivos que havia proposto para aquele período e percebi que a maioria deles foi desenvolvido; que alguns ainda devem ser retomados e que surgiram outros que não haviam sido previstos. Cito a atividade que propus da construção de um livro sobre a história de cada um: tenho uma aluna adotiva e outro aluno que mora com os avós, por isso surgiu um conceitual que estava previsto para mais tarde - os tipos de famílias – mas que em virtude de haver solicitado que desenhassem seus pais, surgiu esse assunto, que foi discutido e conversado pelo grupo. Percebi que foi muito importante para a aluna que é adotiva, sentir que tanto para a professora como para os colegas, ter uma família adotiva é normal. Assim, confirmo que o planejamento deve ser flexível, pois ao longo do seu desenvolvimento, ele pode sofrer alterações, seja a inclusão de novos conceituais ou mesmo o adiamento de alguns previstos.
Apesar de todo o esforço que tenho feito para planejar atividades atrativas e envolventes, ainda percebo que muitos alunos apresentam um tempo curto de concentração, demonstrando distração; olhando para os lados; para qualquer coisa; para o nada; ou fazendo comentários completamente diferentes do assunto a que estamos nos referindo. Sinto que os alunos realizam as atividades por obrigação, da forma mais rápida possível para acabarem logo, e isso ocorre seja com atividades escritas, seja com jogos e brincadeiras e principalmente com discussões orais, onde necessitam expor seu ponto de vista ou contribuir com alguma colocação. Tenho procurado diversificar as propostas de trabalho, com a intenção de atrair e estabelecer alguma relação significativa para o meu educando. Confesso que nem sempre é fácil, pois a rotina diária é bastante cansativa e falta tempo para buscarmos materiais mais interessantes e relacionados àquilo que estamos estudando. As escolas estão relativamente bem estruturadas com relação a materiais pedagógicos, mas seria necessário dispormos de um tempo para realizar pesquisas na própria escola, bem como fazer leituras dos livros a disposição e materiais audiovisuais disponíveis, para saber a que se referem. Enquanto isso, desenvolvo o meu trabalho almejando acertar sempre, mesmo que durante o caminho encontre alguns obstáculos, mas seguindo sempre em frente, firme e forte naquilo que me proponho.

sexta-feira, 16 de abril de 2010

Resposta aos questionamentos da tutora - referente a postagem " Muita Agitação"

Interagir com a aprendizagem, sob o meu ponto de vista, é participar de forma efetiva na construção de aprendizagens, construindo o jogo, explorando de maneira prática os materiais, experiênciando, discutindo, entre tantas possibilidades, sempre buscando que o educando seja um sujeito ativo dentro do processo e não apenas um expectador. Segundo PIAGET, “o interesse é o prolongamento das necessidades. É a relação entre um objeto e uma necessidade, pois um objeto torna-se interessante na medida em que corresponde a uma necessidade.” Sendo assim, entendo que preciso rever quais são de fato suas necessidades, buscando adequar os jogos e atividades diferenciadas, direcionando principalmente para os atitudinais, que estão atrapalhando o desenvolvimento da aula.

PIAGET, Jean. O desenvolvimento mental da criança. In: Seis estudos de psicologia. Rio de Janeiro: Forense. 1986.

segunda-feira, 12 de abril de 2010

Muita agitação!!!!

Procuro fazer da minha sala de aula um espaço construtivista, pois conforme Piaget: “Conquistar por si mesmo um certo saber, com a realização de pesquisas livres, e por meio de um esforço espontâneo, levará a retê-lo muito mais; isso possibilitará, sobretudo ao aluno, a aquisição de um método que lhe será útil por toda a vida e aumentará permanentemente a sua curiosidade, sem o risco de estancá-la, quanto mais não seja, ao invés de deixar que a memória prevaleça sobre o raciocínio, ou submeter a inteligência a exercícios impostos de fora, aprenderá ele a fazer por si mesmo funcionar a sua razão e construirá livremente suas próprias noções.” (Piaget, 1976, cap. V) Logo, ao interagir com a aprendizagem, o aluno terá mais gosto pelo que está aprendendo, tornando-a significativa, portanto, lembrará para toda a vida. Lembramos somente daquilo que de uma forma ou de outra nos trouxe algum significado. Desenvolvo meu trabalho com a intenção de tornar a escola um local onde os alunos produzam seus conhecimentos de forma autônoma e não apenas recebam conhecimentos transmitidos pelo professor. Por isso, desempenho o papel de mediadora dos saberes, buscando colaborar para a formação de cidadãos críticos e conscientes, capazes de promover transformações.
Iniciei o estágio com muitas expectativas, dentre elas: saber colocar em prática tudo que eu aprendi ao longo do PEAD/UFRGS; outra é encontrar a melhor forma de sanar as dificuldades individuais dos meus alunos e quem sabe a mais importante, auxiliar meus educandos para que percebam o quanto é necessário ouvir para aprender.
Gostaria de relatar o jogo do “troca 10” que apliquei na aula de hoje. Os alunos já vem há bastante tempo explorando o material dourado, seja brincando livremente ou conforme o combinado, porém, resistem sempre que proponho alguma atividade dirigida; não querem jogar ou fazem de qualquer jeito. E hoje não foi diferente. Alguns alunos brincaram de acordo com as instruções, mas outros não o fizeram, sendo necessário a minha intervenção. Além disso, dois alunos estão encontrando muita dificuldade em identificar números e associá-los as quantidades correspondentes. Pretendo utilizar de maneira intensiva este material, explorando suas diversas formas de uso, até que todos tenham compreendido unidade e dezena de forma efetiva.PIAGET, Jean. DESENVOLVIMENTO E APRENDIZAGEM. UFRGS – PEAD

segunda-feira, 5 de abril de 2010

O COMEÇO

Estou iniciando 2010 de forma especial, pois este ano tenho grandes desafios para superar: o primeiro é o estágio curricular (1º semestre) e o segundo é o trabalho de conclusão (2º semestre).
Creio que o estágio, que realizarei com a minha turma, é o momento de colocar em prática tudo que aprendi ao longo da PEAD/UFRGS. Receio, pois as idéias são muitas, mas o tempo disponível para planejar é curto, dificultando assim o trabalho. Estou bastante ansiosa para conversar com o orientador, para acertar os detalhes de como será a prática do estágio. Confesso que fiquei um pouco preocupada após a aula presencial, pois estou pensando como será postar os planos de aulas e fazer relatórios diariamente.
Para iniciar minhas postagens relacionadas ao meu estágio curricular, gostaria de discorrer sobre a turma com a qual desenvolverei minha prática de estágio.
Este ano ocorreram algumas modificações na minha vida docente, visto que troquei de escola, pois a que eu trabalhava no turno da tarde fechou devido à redução do número de alunos. A escola que estou agora tem uma realidade e um contexto completamente diferente do qual estava habituada; é uma escola relativamente grande por situar-se no interior (159 alunos), contempla o ensino fundamental completo, possui uma equipe diretiva formada por especialistas, entre outras diferenças.
Para completar a série de desafios, há dez anos lecionando, esta é a turma mais agitada e barulhenta com a qual trabalhei.
“Farei o estágio com a minha própria turma, um 2º ano, turma única, composto por 16 alunos, sendo 5 repetentes e 11 alunos novos na série. Destes, 11 são meninos e 5 são meninas, com idades entre 7 e 10 anos. Uma aluna tem acompanhamento psicológico, psiquiátrico e com a orientadora educacional e outro aluno somente acompanhamento psicológico. Esta aluna apresenta um comportamento completamente inadequado para um ambiente escolar, descumprindo todas as normas e regras da escola.
É uma turma bastante agitada, inquieta e barulhenta, apresentam muita dificuldade em ouvir as ordens, bem como em cumprir as combinações, necessitando sempre da intervenção da professora para baixarem o tom de voz; para ficarem sentados nos seus lugares. Precisam ser lembrados com frequência, das regras da turma e da escola. Entretanto, são amigos, gostam de se ajudar e mantém um bom relacionamento entre eles.
A maioria dos alunos realiza as atividades com capricho e organização, nas alguns ainda apresentam dificuldade no recorte e na colagem, bem como em respeitar os limites ao pintar, muitas vezes utilizando uma pintura riscada tanto na horizontal quanto na vertical. Três alunos são muito lentos e dificilmente realizam todas as atividades propostas, apesar do incentivo da professora.
A maioria realiza suas atividades com autonomia e correção, mas creio que por imaturidade e insegurança, ainda necessitam de muitas explicações coletivas e individuais. Ainda têm dificuldade em manter a sala de aula limpa, deixando lixo e também materiais espalhados pelo chão. Muitas vezes perdem ou esquecem de trazer seus materiais escolares, prejudicando assim o andamento da aula. Iniciei o ano letivo com os alunos dispostos em “U”, posteriormente em duplas, mas infelizmente tive que organizá-los sentados individualmente, pois conversam ininterruptamente.”
Por tudo isso, continuo pensando que educar exige muita determinação, sendo que o professor não pode desistir dos seus alunos, é como educar um filho: trabalho diário, buscando alcançar os objetivos planejados, para colher os resultados no futuro.