segunda-feira, 17 de maio de 2010

RESPEITO ÀS DIFERENÇAS

Percebi que trabalhar com questões étnico-raciais mobilizou muito os meus alunos, principalmente pela diversidade racial da composição da turma. Mas, pricipalmente pela maioria dos alunos serem de origem negra ou alemã.
Durante esta semana que se passou, meus alunos gostaram muito de todas as atividades propostas e as realizaram demosntrando envolvimento e interesse pelo assunto em questão. Entretanto, vislumbrei a questão do preconceito com relação aos negros evidente no contexto escolar tanto quanto na comunidade. Há uma rivalidade entre essas duas etnias.
No Projeto Político Pedagógico da escola está previsto como ação pedagógica a “QUESTÃO RACIAL – pelo fato de estarmos inseridos em uma realidade onde a cultura negra é latente, tem um elevado número de pessoas negras na escola. Para que o convívio seja o mais harmônico possível e as eventuais diferenças possam ser respeitadas, atentamos intensamente para as questões de igualdade e a valorização da cultura.” (PPP EMEF Gonçalves Dias, 2006)
Os sentimentos e o mundo vivido por essas crianças dão subsídios à instituição escolar para o seu tendão de Aquiles e podem torná-la mais competente no desenvolvimento afetivo e da identidade, no planejamento de um currículo no qual esteja presente o esquema de pensamento de origem africana libertando-se do processo eugênico impingido à sociedade brasileira e existente na educação. (PARÉ, Marilene Leal. Pg 1 e 2)
Entretanto, desde que iniciei na escola, em Fevereiro do corrente ano, não presenciei nenhuma ação neste sentido. Sei somente, que durante a Semana da Cosciência Negra, em Novembro, ocorrem inúmeras atividades relacionadas ao tema; e que ao longo do ano letivo cultiva-se o grupo de danças afro, o qual faz apresentações em eventos da escola, bem como em outros lugares. Penso que atividades de reflexão e debate deveriam ser proporcionadas ao longo de todo o ano, para que de fato as diferenças entre as diversas etnias e principalmente com o negro, fosse erradicando-se do ambiente escolar e consequentemente estendendo-se para outros grupos sociais em que nossos alunos participam, e não apenas em datas comemorativas.
Durante as atividades, em um momento de conversação, o aluno Vítor disse: “Os negros são mais fortes que os brancos.” Esta fala vem carregada de preconceito, de sentimento de inferioridade. Em função disso, conversamos sobre preconceitos étnicos-raciais. Que, independente da cor da pele, dos olhos, dos cabelos, ou da raça a que pertencemos, isso não nos torna melhores ou piores do que ninguém; sendo que o que realmente vale, são as nossas atitudes, o nosso jeito de ser e agir com os outros e com o ambiente que nos cerca.
Assim, concluímos que raramente encontramos pessoas que tem apenas uma etnia e que a grande maioria provém de um mistura de raças, sendo que as predominantes são as indígenas, negras e européias. Que cada ser é único e possui características individuais, herdadas de seus pais, avós, bisavós, enfim, é a nossa história. Estabelecendo assim, uma relação com o livro Menina Bonita do Laço de Fita, que foi usado durante a aula de segunda-feira.
É importante que desde pequenos, os alunos estejam vivenciando situações de reflexão sobre inclusão social, sobre a aceitação do diferente, sobre o respeito ao outro, independente de qual a sua raça, sua religião, sua opção sexual, enfim, suas individualidades. Primando por um pensamento de igualdade em detrimento ao da exclusão social.
O sentimento de inferioridade demonstrado nos discursos de muitos dos meus alunos é “fruto da força de um passado histórico de um povo marcado como escravo numa terra chamada Brasil, a qual, apesar dos 500 anos de existência colonizada, abriga uma sociedade cujas relações ainda são as de poder dos “superiores” sobre os “ignorantes”. (PARÉ. Marilene Leal.Pg. 7) Além disso, percebi que este assunto não é trabalhado em casa, demonstrando uma situação tanto de preconceito quanto de inferioridade, principalmente por parte dos negros.
Por tudo isso, é indispensável que a escola enquanto grupo social promova situações de debates, reflexões, conscientização sobre este assunto, aproveitando que nas séries iniciais a criança está em plena fase de desenvolvimento físico, cognitivo e moral, contribuindo para que possa conviver em sociedade respeitando as diferenças que nela encontrarão.

Referências:
PARÉ, Marilene Leal. Auto-Imagem e Auto-estima na Criança Negra: um Olhar sobre o seu -Desempenho Escolar.
PROJETO POLÍTICO PEDAGÓGICO ESCOLA MUNICIPAL DE ENSINO FUNDAMENTAL GONÇALVES DIAS, 2006.
LEITE, Luciane Andréia Ribeiro. Era uma vez uma menina muito bonita. Uma prática pedagógica relacionada com a questão racial em uma turma de alfabetização.

Um comentário:

Marga disse...

Fabiana, o que tu como Educadora está fazendo para ser diferente? Qual é o diferencial da tua pratica que buscando visualizar e compreender o que a palavra Preconceito quer dizer, partindo da tua turma, revela? Na tua postagem, o texto aponta elementos que poderiam ser identificados como ações. A abordagem do tema é coerente , responsável e merece continuidade.?