segunda-feira, 10 de maio de 2010

AVALIANDO

Como o final do trimestre está se aproximando, cabe discorrer um pouco sobre a forma como avalio meus alunos. Penso que o professor não precisa de provas e testes para avaliar seus alunos e é assim que desenvolvo meu trabalho. Realizo trabalhinhos individuais, ditados, trabalhos em grupo, entre tantos outros instrumentos avaliativos, mas tudo isso é meramente para cumprir uma obrigação burocrática; a educação gosta muito de papel. Conheço os meus alunos ao longo do ano, sendo que realizo uma avaliação processual e contínua, valorizando os conhecimentos prévios que os alunos já possuem e respeitando seu crescimento individual e suas particularidades. Avalio meu aluno no seu cotidiano escolar, em sua caminhada enquanto sujeito. É óbvio que não consigo avaliar todas as atividades com todos os alunos, mas a cada aula priorizo alguns educandos, os quais observo com mais afinco, registrando no anedotário ou marcando no meu planejamento como foi o desempenho dos mesmos.
Utilizo o erro dos meus alunos não apenas como um indicador da sua dificuldade, mas também, a partir dessa constatação, decido quais modificações ou inclusões devo fazer na minha prática pedagógica, a fim de que meu educando sane suas dificuldades. É uma constante sondagem, pois devo partir sempre daquilo que ele já aprendeu.
Na escola em que eu trabalho, ou melhor, no município, fizemos avaliação trimestral, através de parecer descritivo. Na verdade, fizemos uma carta sobre o nosso aluno, dificilmente tem menos do que uma página escrita. Porém vejo que os pais, em se tratando da nossa realidade escolar, não entendem o parecer, por mais que o expliquemos no momento da entrega. Quando acabamos de falar, eles perguntam: meu filho rodou ou passou? É uma questão cultural, arraigada a avaliação meramente classificatória, onde eram atribuídas notas aos educandos, com a intenção de classificá-los.
Procuro sempre fazer uma avaliação em conjunto com os alunos e também com os pais, sendo que as crianças fazem sempre a sua auto-avaliação e aos pais, sempre que são chamados, pergunto como eles estão vendo o processo de aprendizagem dos seus filhos, qual a opinião a respeito de aprovação ou reprovação, por que, entre outros questionamentos. Também, passei a adotar tarefas de casa em que os pais devem realizar juntamente com os filhos, bem como escrever o que observaram durante o desenvolvimento da atividade (caso os pais sejam analfabetos, solicito a ajuda de um irmão mais velho ou primo).
Avalio focada na intenção de diagnosticar os problemas e assim estabelecer ações para serem desenvolvidas com o aluno ao longo da sua trajetória.
Sempre, ao iniciar um ano letivo, converso com meus alunos e também com os pais (na reunião dos pais da turma), a respeito de como se dará a avaliação, dialogando e aceitando modificações plausíveis sobre a forma de avaliar. Em conjunto, estabecemos os critérios a serem avaliados, como será feita a avaliação, como será passado aos alunos e as famílias os resultados obtidos. Nada é decidido de última hora, sendo que para que isso ocorra, disponho de quatro horas semanais de planejando, o que nem sempre é suficiente, mas que ajuda muito.


Referências:
FERREIRA, Lucinete. O contexto da prática avaliativa no cotidiano escolar. In:_____. Retratos da avaliação: conflitos, desvirtuamentos e caminhos para a superação. Porto Alegre: Mediação, 2002. p.39-61.
RATHS et al. apud ANASTASIOU, Léa das Graças Camargos; ALVES, Leonir Pessate. Processos de Ensinagem na Universidade: pressupostos de trabalho em aula. 5ª edição. Joinvile: UNIVILLE, 2005.p. 28.
GOÑI, Javier Onrubia. Rumo a uma avaliação inclusiva. Pátio, Porto Alegre, n. 12, ano 3, p.17-21,abr./fev.,2000.

Um comentário:

Marga disse...

O ato de avaliar não é algo fácil de ser compreendido mesmo, ainda mais numa cultura em que números são os indicadores de referência. O parecer é um instrumento completo e trabalhoso. Não é simples de compor , nem tão fácil de compreender, quando a comunidade não está habituada com isso, Mas segui no que tu acreditas . Com o tempo, a comunidade vai tomando mais familiaridade e tudo entra no prumo. A pratica do Estágio é um importante momento para refletir e reforçar a importância do tipo de avaliação que tu vens desenvolvendo. Quem sabe, citando algum teórico que tu fostes apresentada durante os eixos da Graduação, te apóie e reforce a necessidade de aplicar tudo o que já antes fora combinado?